Adeus, Ozzy (1948-2025)

O triste fim de uma era, agora imortalizada

O mundo do heavy metal fica um pouco mais amargo com a notícia da morte de Ozzy Osbourne, ícone absoluto do gênero e eterno vocalista do Black Sabbath. Aos 76 anos, Ozzy faleceu na manhã desta terça-feira, cercado por sua família. A informação foi confirmada por meio de um comunicado oficial divulgado pela família Osbourne:


“É com mais tristeza do que palavras podem expressar que temos que informar que nosso amado Ozzy Osbourne faleceu nesta manhã. Ele estava com a família, cercado de amor. Pedimos que todos respeitem a nossa privacidade neste momento.”

A causa da morte não foi divulgada, mas Ozzy enfrentava diversos problemas de saúde nos últimos anos, incluindo um tipo de Parkinson, cirurgias na coluna e complicações decorrentes de um acidente com quadriciclo. A partida acontece menos de três semanas após sua breve e emocionante aparição final nos palcos, em Birmingham, no show especial “Back to the Beginning”, onde se reuniu com os membros originais do Black Sabbath: Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward.


Durante o evento, sentado em um trono decorado com morcegos, Ozzy declarou:


“Passei seis anos afastado. Vocês não fazem ideia do quanto significa estar aqui. Obrigado, do fundo do meu coração.”


Uma vida marcada pelo excesso, pela genialidade e pela reinvenção


Nascido em 1948, em Aston, Birmingham, como John Michael Osbourne, Ozzy foi um reflexo da realidade operária da Inglaterra pós-guerra. Entre prisões por pequenos furtos, traumas de infância e instintos artísticos aflorados, sua trajetória seguiria para algo nunca antes visto na música: o nascimento do heavy metal.


Com o Black Sabbath, fundado no final dos anos 60, Ozzy ajudou a criar um dos sons mais pesados já ouvidos até então. O álbum de estreia da banda, Black Sabbath (1970), e os clássicos Paranoid, Master of Reality e Vol. 4 estabeleceram as bases do doom, do stoner e do metal tradicional. Sua voz terrosa, assustadora e única passou a ser a trilha sonora para gerações de fãs insatisfeitos e apaixonados por guitarras distorcidas.


Expulso do Sabbath em 1979 devido ao abuso de álcool e drogas, Ozzy ressurgiu em carreira solo logo em seguida com o aclamado Blizzard of Ozz, iniciando uma nova fase de sucessos com faixas como “Crazy Train”, “Mr. Crowley” e “Bark at the Moon”. Ao todo, lançou 11 álbuns de estúdio como artista solo, explorando parcerias com artistas de diferentes estilos ao longo das décadas — de Elton John a Post Malone.

O homem por trás da lenda


Ao longo da carreira, Ozzy protagonizou momentos tão chocantes quanto memoráveis. Em 1982, entrou para a história ao morder a cabeça de um morcego no palco  pensando que fosse um boneco  e ainda teve tempo para arrancar a cabeça de pombos em uma reunião com executivos da gravadora, em um protesto bizarro. Mas sua relação com o mundo também passou pelo caos doméstico e pessoal.


Em 1989, durante um episódio psicótico, foi preso por tentar estrangular sua esposa Sharon Osbourne, relacionando o surto ao abuso de álcool. O casal viria a se reconciliar. Ao lado dela e dos filhos Jack, Kelly e Aimee, Ozzy estrelaria o reality show The Osbournes (2002–2005), um sucesso de audiência da MTV que deu nova roupagem à sua imagem — agora como um pai caótico e divertido.

Ozzy Osbourne morre aos 76 anos

Últimos anos e a queda do “Iron Man”


Nos últimos tempos, a saúde de Ozzy vinha piorando. Após um acidente com um quadriciclo em 2003, recebeu diagnóstico de Síndrome de Parkingson, sofreu sucessivas cirurgias na coluna e chegou a ficar clinicamente morto por mais de um minuto, segundo Sharon. Apesar dos altos e baixos, Ozzy manteve o esforço para voltar aos palcos — mesmo quando seu corpo já não o acompanhava.


Em 2023, cancelou shows pela Europa alegando estar “fisicamente fraco demais”. Em maio de 2025, em entrevista ao The Guardian, revelou estar enfrentando depressão grave durante o tratamento:


“Você acorda e tem algo novo dando errado. Parece que nunca vai ter fim.”


Foi Sharon quem teve a ideia de montar o show de despedida: Back to the Beginning, realizado em julho de 2025, no Villa Park, em Birmingham. Lá, Osbourne encerrou de forma simbólica e poderosa a sua caminhada nos palcos.


Um legado eterno


Ozzy foi muito mais do que a imagem construída em anos de excessos. Ele foi o canal por onde a dor, o caos e a energia incontrolável da juventude encontraram forma sonora. Um ícone cultural, um inovador de estilos, e uma alma complexa que navegou entre a escuridão e a redenção.


Do riff inicial de “Black Sabbath” ao refrão eternamente arrepiante de “Iron Man”, sua presença moldou  e continuará moldando (pela eternidade) tudo o que entendemos por heavy metal.


Descanse em poder, Príncipe das Trevas.


See you on the other side.

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