Dandadan celebra o visual kei com homenagem ao X Japan

Uma homenagem que transcende culturas e o tempo

O episódio 18 da segunda temporada de Dandadan (disponível na Netflix) presenteou os fãs com uma das homenagens musicais mais elaboradas já vistas em anime, criando a banda fictícia HAYASii em uma sequência que celebra a grandiosidade do visual kei japonês. A performance de "Hunting Soul" tornou-se um marco na série, demonstrando como produções contemporâneas elevam o patamar das trilhas sonoras através de colaborações com artistas reais e referências culturais profundas.


A banda HAYASii foi cuidadosamente construída como tributo ao lendário X Japan, pioneiro do movimento visual kei que revolucionou o rock japonês nos anos 1980. Os nomes dos membros fictícios prestam homenagem direta aos integrantes originais: Toshiro (remetendo a Toshi), Yoshikichi (referenciando Yoshiki), Hideji (aludindo a Hide) e Patarson (inspirado em Pata).


A música "Hunting Soul" ecoa claramente "Kurenai", um dos maiores clássicos do X Japan, tanto na estrutura musical quanto na performance visual característica do visual kei, com figurinos elaborados, maquiagem dramática e presença de palco teatral. A sequência captura perfeitamente a essência épica e emocional que tornou o X Japan uma das bandas mais influentes da história do rock japonês.

Um dos aspectos mais impressionantes da produção foi a participação de Marc Hudson, vocalista do DragonForce, na versão em inglês de "Hunting Soul". A escolha de Hudson não foi casual: sua potência vocal característica do power metal mostrou-se perfeita para recriar a intensidade e o drama necessários para homenagear dignamente o X Japan.


A produção musical contou ainda com Marty Friedman (ex-Megadeth) nos arranjos de guitarra, demonstrando o nível de excelência técnica com que a equipe de Dandadan abordou esta homenagem. A combinação de talentos internacionais para criar uma banda fictícia exemplifica como os limites entre realidade e ficção se dissolvem no mundo contemporâneo da animação.


O caso de Dandadan integra uma tendência crescente de inserção de músicos reais em produções de anime para amplificar impacto emocional e alcance comercial. Exemplos notáveis incluem o Evanescence criando "Afterlife" exclusivamente para o anime Devil May Cry da Netflix, onde Amy Lee colaborou diretamente com produtores japoneses para desenvolver uma faixa que dialogasse com o universo sombrio da obra.

Similarmente, a banda finlandesa Beast in Black uniu-se ao crossover Diablo x Berserk para criar "Enter the Behelit", demonstrando como franquias de jogos e anime convergem através da música. A colaboração foi especialmente significativa considerando que o Beast in Black já se inspirava regularmente no mangá Berserk para suas composições.


Paralelamente às colaborações com artistas estabelecidos, o anime tem histórico de criar bandas fictícias que transcendem suas obras originais. A Kessoku Band de Bocchi the Rock! lançou álbuns reais e se apresentou em programas de rádio, enquanto Girls Dead Monster de Angel Beats! teve singles interpretados por cantoras como Marina e LiSA.


Estes exemplos demonstram como as fronteiras entre ficção e realidade no universo musical dos animes tornaram-se fluidas, criando oportunidades artísticas únicas e expandindo o alcance cultural das produções japonesas globalmente.


A homenagem de Dandadan ao X Japan representa a evolução natural da relação entre anime e música, onde produções contemporâneas possuem orçamentos e ambições suficientes para criar sequências musicais de qualidade cinematográfica. O visual kei, gênero que combina música pesada com teatralidade extrema, encontra no anime um meio perfeito para expressão visual.

A sequência também demonstra como plataformas globais como Netflix influenciam positivamente a produção, permitindo colaborações internacionais de alto nível e distribuição mundial simultânea, conectando fãs de diferentes culturas através de linguagens universais como música e animação.


Ironicamente, a qualidade da homenagem acabou gerando uma situação imprevista quando Yoshiki, líder do X Japan, revelou ter sido contactado por advogados sobre possível violação de direitos autorais. O músico, no entanto, demonstrou interesse genuíno em conhecer a obra e até convidou representantes da produção para conversarem, sugerindo que a situação pode evoluir para uma colaboração oficial.


A segunda temporada de Dandadan continua disponível na Netflix, consolidando-se como exemplo de como produções contemporâneas elevam o patamar artístico através de referências culturais respeitosas e colaborações musicais de qualidade internacional.


A homenagem ao X Japan transcende o entretenimento, funcionando como ponte cultural entre gerações e estilos musicais, celebrando tanto o legado do visual kei quanto as possibilidades criativas infinitas que emergem quando música real encontra narrativa animada.


Este episódio permanecerá como marco na história das colaborações entre anime e música, demonstrando que quando produtores respeitam e compreendem profundamente suas referências, o resultado pode ser verdadeiramente épico.